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Tudo sobre os Chromebooks e o Chrome OS

Os primeiros portáteis com o novo sistema operacional da Google estão começando a chegar às lojas no exterior. 


Os primeiros Chromebooks, notebooks equipados com o novo sistema operacional Chrome OS, da Google, chegam às lojas nos EUA e em mais seis países nesta semana, e sem dúvida logo chegarão ao Brasil. Eles representam uma nova categoria de computador pessoal, projetada especificamente para tirar proveito da web e dos milhares de “aplicativos” nela disponíveis.
Não há HDs ou programas, mas também não há boa parte da complexidade de um computador tradicional: não é necessário se preocupar com anti-vírus, software de segurança ou backups. Otimizados, os Chromebooks ligam e estão prontos para usar em segundos, e tem fôlego para aguentar várias horas (de seis a oito, dependendo do modelo) longe de uma tomada.
Para conhecer melhor esta nova plataforma passamos algumas semanas com um Cr-48, o primeiro dos Chromebooks, gentilmente cedido pela Google. Compartilhamos a seguir nossas experiências com a máquina, e as respostas às inúmeras perguntas que nos foram feitas durante este período.
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Cr-48: o primeiro Chromebook
Mas antes de prosseguir, um aviso: o Cr-48 é um protótipo que não será vendido, e foi criado apenas para auxiliar nos testes do sistema operacional. A experiência com os Chromebooks comerciais pode ser um pouco diferente, seja por causa do software mais maduro, seja por causa de mudanças no hardware (os modelos nas lojas, por exemplo, tem um processador mais potente). Ainda assim, é possível ter uma boa idéia de como é a vida com um “notebook do Google”.

O conceito
O que são os Chromebooks?
Chromebooks são computadores portáteis feitos sob medida para rodar o Chrome OS, um novo sistema operacional desenvolvido pela Google. Eles não rodam Windows, não tem HD e nem “aplicativos” no sentido tradicional da palavra: seus programas são sites na internet (como GMail, Picnik, Google Docs e muitos outros) e os arquivos ficam armazenados “na nuvem”, em serviços como o Dropbox, o próprio Google Docs ou similares.
Se por fora um Chromebook lembra um notebook, se analisarmos o software e hardware é possível notar várias diferenças. A Google trabalhou em conjunto com os fabricantes para realizar uma série de mudanças e otimizações nas máquinas, que incluem teclados sob medida para o acesso à internet, longa autonomia de bateria e tempo de boot bastante reduzido.
Quanto eles irão custar? Onde compro um?
Os primeiros Chromebooks chegam ao mercado nesta semana nos EUA e em mais seis países: Reino Unido, França, Holanda, Alemanha, Espanha e Itália. Nos EUA serão comercializados pela Amazon e por lojas da rede Best Buy. Inicialmente estarão disponíveis dois modelos, produzidos pela Acer e pela Samsung.
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Samsung Series 5: design elegante e longa autonomia de bateria

Os preços variam. O modelo mais barato é o Acer AC700 Chromebook, com bateria com autonomia para 6.5 horas de uso e tela de 11.6 polegadas, cuja versão Wi-Fi sai por US$ 349,99 nos EUA. Também há uma versão com 3G por US$ 429,99. Já o Samsung Chromebook Series 5 tem tela de 12,1 polegadas, um design mais elegante e bateria com autonomia para 8 horas de uso. Sairá por US$ 429 na versão Wi-Fi e US$ 499 na versão 3G. 
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Acer Chromia: o Chromebook mais barato

Quando os Chromebooks chegam ao Brasil?
Ainda não há previsão oficial. Segundo Hamilton Yoshida, da Samsung Brasil, a empresa tem a intenção de lançar as máquinas no mercado nacional, mas ainda não há datas ou preço.
Qual a vantagem de um Chromebook em relação a um tablet?
Os Chromebooks tem um preço um pouco menor que os tablets mais populares (como o iPad 2 eMotorola Xoom), tela maior, teclado integrado (ideal para jornalistas, escritores, estudantes e viciados em e-mail) e são mais “simples”: não é preciso se preocupar em ligá-los ao PC para fazer backup, sincronizar dados ou atualizar o sistema.
Já os tablets pesam menos e tem um catálogo de software muito maior (no caso do iPad são mais de 75 mil títulos na App Store), o que os torna mais versáteis, sem falar que são mais úteis quando não há uma conexão web, já que os aplicativos e arquivos são armazenados localmente.
No fim é uma questão de gosto pessoal. Se você já tem um tablet, não irá se sentir atraído por um Chromebook. Mas se nunca gostou da idéia de teclados virtuais e procura uma máquina com longa autonomia de bateria e que liga instantâneamente, como um tablet, os Chromebooks podem ser uma boa pedida.
Um Chromebook substitui um notebook?
Não e nem é essa a intenção. Especialmente para quem joga, trabalha com edição profissional de imagens ou vídeo, desenvolve software ou depende de aplicativos especializados no dia-a-dia. Os Chromebooks são melhor vistos como máquinas secundárias, uma forma de levar a internet “pra viagem”.
Entretanto, um Chromebook pode ser uma boa opção para quem ainda não tem um computador e quer acessar a internet sem a “complicação” de uma máquina tradicional e sua constante necessidade de softwares de segurança, backups e atualizações.
Chromebooks são adequados para empresas?
Sim, desde que as ferramentas das quais os funcionários dependem no dia-a-dia, do e-mail ao CRM, estejam disponíveis na web. A Google tem uma página dedicada a "Negócios e Educação" em seu site sobre os Chromebooks, onde destaca vantagens como a facilidade de gerenciamento e baixo custo das máquinas, e compartilha histórias de sucesso de empresas, grandes e pequenas, que já utilizam os Chromebooks e o ChromeOS em um programa piloto.
Nos EUA a Google oferece um programa onde empresas podem adquirir Chromebooks por US$ 28 mensais por funcionário. A empresa que contrata o serviço ganha acesso a um console central para o gerenciamento das máquinas, e a Google oferece suporte técnico e substituição e upgrade gratuito de hardware quando necessário. O mesmo programa também está disponível para escolas e universidades, por US$ 20 mensais por aluno. Não há informações sobre a chegada destes programas ao Brasil.
A máquina
Como é o hardware?
Assim como nos smartphones Android, não existe uma configuração de hardware obrigatória que todos os fabricantes de Chromebooks terão de seguir. Os três modelos atualmente existentes (Cr-48/Samsung Series 5/Acer Chromia) são a princípio similares entre si, mas nada impede que no futuro um fabricante surja com uma configuração radicalmente diferente (como um processador ARM), mas ainda assim rodando o mesmo sistema operacional.
A máquina que usamos, o Cr-48, é um protótipo criado para auxiliar no desenvolvimento do sistema, e não estará à venda. Ela é discreta e bastante elegante, com acabamento em preto “emborrachado”. O teclado é espaçoso e confortável, com teclas isoladas (estilo ilha) como nos MacBooks da Apple e um layout otimizado para web, com teclas dedicadas para busca (que substitui a Caps Lock) e navegação. O trackpad é grande para facilitar o uso de gestos multitoque, e bastante preciso.
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Da esquerda para a direita: leitor de cartões SD, conector para fone de ouvido/microfone, porta USB e conector de força
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Tecla de busca (com a lupa) substitui a "Caps Lock"
A tela de 12.1 polegadas é brilhante e nítida. Chama a atenção o acabamento fosco, antigamente usado em todos os notebooks mas hoje uma raridade. Há um bom motivo: com isso reduz-se o número de reflexos na tela, o que melhora sua legibilidade tanto sob a luz do sol quanto em ambientes como escritórios iluminados com lâmpadas fluorescentes.
Há pouca coisa em termos de portas e conectores: uma porta USB, um slot para leitor de cartões SD, um conector VGA para ligação a monitores externos e um conector híbrido para fones de ouvido/microfone, e mais nada. A bateria chama a atenção pelo tamanho: ocupa quase a metade da parte de baixo da máquina, embora seja bastante fina.
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Bateria (com o adesivo) ocupa quase metade da parte inferior do Cr-48
O coração do Cr-48 é um processador Intel Atom de 1.66 GHz, acompanhado por 2 GB de RAM e um “HD” (na verdade um disco SSD) de 16 GB, usado pelo sistema operacional e para “cache” local de dados. Aqui surge uma diferença importante entre o protótipo e os modelos nas lojas: os Chromebooks finais tem um processador Atom dual-core, o que ajuda bastante no desempenho.
16 GB? Isso não dá pra nada, onde vou guardar meus arquivos?
Na visão da Google tudo ficará na web, de documentos a aplicativos, acessíveis a partir de qualquer computador com uma conexão à internet. O armazenamento online funciona como um “backup remoto” automático, e traz uma vantagem: como não há nada além do sistema operacional armazenado em um Chromebook, se a máquina for perdida, roubada ou danificada o usuário só precisa digitar seu login em outra para ter todos os seus arquivos de volta.
Dito isto, nada impede o uso de um pendrive ou HD externo junto com um Chromebook, pra quem realmente precisa ou prefere ter seus arquivos armazenados localmente.
Dá pra usar pendrives e cartões de memória?
Dá sim, é só plugá-los a uma porta USB e um gerenciador de arquivos aparece na tela. Os arquivos podem ser abertos (ou enviados para seus respectivos serviços na web), mas não é possível copiar arquivos do pendrive ou HD externo para a memória interna (chamada de “File Shelf” pelo sistema), nem da memória interna para um disco externo.
Como faço para me conectar à internet?
A principal forma de conexão é via Wi-Fi, mas há modelos de Chromebooks com 3G embutido. Nos EUA, qualquer usuário de um Chromebook 3G terá direito, durante dois anos, a um plano de dados gratuito com 100 MB de transferência mensal pela operadora Verizon. Não sabemos se esta oferta estará disponível em outros países.
Nenhum dos Chromebooks atualmente no mercado tem uma porta Ethernet, então esqueça os cabos de rede. Infelizmente não conseguimos testar um adaptador Ethernet para USB.
Dá pra plugar mouse e teclado? Ligar num monitor ou na TV?
Sim, testamos mouse e teclado USB, tanto modelos com e sem fios, e ambos funcionaram sem problemas. O Cr-48 e o Samsung Series 5 tem um conector VGA, que permite a ligação a monitores e TVs de tela fina (a maioria delas tem um conector para isso, geralmente chamado “PC” ou “RGB”). Já o modelo da Acer tem uma porta HDMI.
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Porta VGA (à direita) pode ser usada para conexão a monitores e TVs
Quanto tempo dura a bateria?
A Google estima a autonomia do Cr-48 em 8 horas, e conseguimos algo bem próximo disso: cerca de 7 horas e meia com várias abas e aplicativos web abertos e ouvindo uma rádio online. O tempo varia de acordo com o modelo. O Chromebook da Samsung tem autonomia estimada em 8 horas de uso contínuo, mas o modelo da Acer, com uma bateria menor, tem autonomia de 6 horas.
Como é o desempenho?
Achamos o desempenho bastante satisfatório durante a navegação na web, mesmo com mais de uma dezena de abas abertas simultâneamente. Já em outras tarefas, como reprodução de vídeo e jogos, o Cr-48 deixou a desejar.
Vídeos com resolução de até 480p tocam em tela cheia sem problemas, mas conteúdo em alta-definição “engasga”, perde a sincronia entre áudio e vídeo e no geral é impossível de assistir. Também notamos que o desempenho em jogos em Flash deixou a desejar, com títulos de ação como Canabalt e Solipskier rodando a uma taxa de quadros (framerate) bem abaixo do ideal.
Temos que deixar claro que estes comentários se referem ao Cr-48, que é um protótipo. Os Chromebooks comerciais tem um processador mais poderoso (um Intel Atom dual-core), que pode resolver estes problemas.

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